ASSOCIAÇÃO DAS ETNIAS CIGANAS

O programa Diquela é a face das artes visuais e artes plásticas no campo de atuação da AEEC-MT. Na língua cigana do tronco étnico Calon, “Diquela” significa “Olhe” ou “Veja”.

Quando evocamos este verbo, nesta conjugação, conclamamos aos não-ciganos, os “gajons”, a olharem para as pessoas ciganas e as verem!

Mas ver de perto, sem preconceitos, desconsiderando estereótipos seculares, que insistem em povoar o imaginário social e o senso comum.

Diquela é um apelo dos povos ciganos para que sejam notados, sejam vistos como seres humanos, como grupos produtores de culturas ricas e com históricos milenares.

O objetivo central do programa é exatamente promover a visibilidade dos povos ciganos, suas manifestações culturais, identidades, conhecimentos, práticas, memórias e narrativas.

Assim, Diquela visa, combater a invisibilidade e o silenciamento históricos, duas estratégias colonialistas, aplicadas tanto pelo estado brasileiro, quanto pelo estado português, contra as pessoas ciganas.

Exposição Diquela

O principal projeto vinculado ao programa Diquela até o momento executado pela AEEC-MT foi uma exposição fotográfica de mesmo nome.

Graças a uma parceria com a Casa Silva Freire, a Exposição Diquela ocupou os muros do Espaço Silva Freire – Casa de D. Janoca (Rua Pedro Celestino Esquina com a Rua 12 de Outubro).

As fotografias da exposição são de Karen Ferreira e revelam as comunidades Calon de brasileiras e portuguesas.

A exposição conta com textos de pessoas ciganas, que foram diagramadas em poemas visuais pelos artistas Tamii e Rodrigo Zaiden. Em formato de lambes, Diquela ocupou os muros do Espaço Silva Freire durante 60 dias entre os meses de junho e julho de 2024.

A curadoria das fotos é de Aluízio de Azevedo, com colaboração de Rodrigo Zaiden. A produção executiva do trabalho é assinada por Rosana Matos Cruz e Fernanda Alves Caiado, respectivamente, presidente e tesoureira da AEEC-MT.

O catálogo da exposição pode ser acessado aqui (inserir o link).

Exposição Multimídia Calin

Mestra Diva, suas filhas, netas e bisnetas, todas residentes em Rondonópolis, durante o I Encontro de Mulheres Ciganas de Mato Grosso – Abril de 2021. Foto: Karen Ferreira.

Com culturas ricas e milenares, as comunidades romanis possuem longo histórico de migrações e conhecimentos acumulados; mas também de expulsões e perseguições por onde passaram, sobrevivendo como identidades de resistência ao modelo ocidental moderno e à sociedade majoritária brasileira. Esses saberes são aprendidos na vivência, no cotidiano, nos rituais, transmitidos de geração em geração oralmente, numa configuração em que as mulheres são as principais mantenedoras e educadoras.

Na língua do tronco étnico Calon, o romanon, também conhecida no Brasil como Chibe, a palavra “Calin é o modo como as mulheres se autodenominam. Assim, a escolha por este nome sintetiza a desconstrução da palavra “cigana”, na busca por fazer uma produção em artes visuais que de fato represente as Calins a partir de suas percepções no diálogo com as lentes digitais.

Múltiplas mulheres que constroem um novo imaginário e novas possibilidades do que é ser calin, cigana, mulher, mato-grossense. Apresentamos um universo ora onírico, ora de realidade, que se revela através da compreensão feminina de uma cultura milenar de resistência.

As raízes profundas do cerrado unem as famílias de Maria Divina Cabral, a Mestra Diva, homenageada principal deste projeto; e suas parentas Venerana (tia), Irandi (prima-irmã), Terezinha (prima) e Nilva (prima irmã), que conservam os saberes, as filosofias e as identidades da cultura cigana Calon.

Cinco mulheres fortes, suas filhas, netas e bisnetas foram fotografadas para as lentes da exposição.

Em fotos, vídeos e textos, a obra propõe a criação de novas narrativas Romani-Calon, deixando outras possibilidades registradas, para que mais e mais mulheres ciganas se inspirem e também possam criar novos caminhos e possibilidades, quebrando estereótipos seculares.

A exposição multimídia “Calin” é um dos produtos transmídias que integram o projeto “Diva e as Calins de Mato Grosso: Ontem, Hoje e Amanhã”; aprovado no edital Conexão Mestres da Cultura, da Lei Aldir Blanc, da Secretaria de Estado de Cultura, Esportes e Lazer de Mato Grosso (SECEL-MT).

Proposto pela Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT), o projeto homenageia a raizeira e benzedeira cigana, Maria Divina Cabral, a Diva, como Mestra da cultura mato-grossense. Ao trazer as “Calins de Mato Grosso”, o trabalho visa mostrar a diversidade das mulheres ciganas que vivem nas cidades de Rondonópolis, Tangará da Serra e Cuiabá, enriquecendo também a diversidade cultural mato-grossense.

O material multimídia exposto é resultado de um encontro sutil e delicado entre nossa equipe fotográfica e o modo como as mulheres ciganas destes três municípios se veem, se mostram e, principalmente, querem ser vistas, brindando o público com novas autorrepresentações do universo romani.

Acesse o site da Exposição Multimídia Calin (https://galeriacalin.com/) .