O projeto “Diva e as Calins de Mato Grosso: Ontem, Hoje e Amanhã”, que reconheceu e homenageou a raizeira e benzedeira cigana, Maria Divina Cabral, a Diva, como mestra da cultura mato-grossense, foi uma das cinco iniciativas premiadas na categoria 2 – pessoas jurídicas, da 35ª edição do prêmio Rodrigo Mello Franco (2022).
O resultado foi publicado no Diário Oficial da União, em 05 de dezembro, condecorando 10 ações - cinco na categoria de pessoas físicas e cinco de pessoas jurídicas - de todo o país.
Produzido pela Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso (AEEC-MT), “Diva e as Calins de MT: Ontem, Hoje e Amanhã” foi uma das 70 iniciativas selecionadas no edital Conexão Mestres da Cultura, da Lei Aldir Blanc, do Governo de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso (Secel-MT).
O prêmio Rodrigo Mello Franco é promovido desde 1987, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), valorizando iniciativas com foco na promoção do patrimônio cultural brasileiro que mereçam reconhecimento público, devido à sua relevância social, caráter exemplar e que abranjam excelência na salvaguarda de práticas e domínios da vida social representativas.
O processo de seleção dos projetos premiados foi dividido em duas etapas: a primeira regional, quando foram selecionadas cinco iniciativas de cada região brasileira, que concorreram à etapa nacional.
Entre os critérios de seleção para a premiação estavam contribuição ao patrimônio cultural brasileiro e sua sustentabilidade socioeconômica, abordagem transversal, pertinência, impacto da ação na sociedade, histórico, adequação, profundidade, diversidade de atores envolvidos e ineditismo.
Saberes das mulheres ciganas de MT


A raizeira e benzedeira Maria Divina Cabral, a Diva foi reconhecida pelo governo do estado como mestra da cultura mato-grossense em 2022. Na foto, Mestra Diva em pé, sua mãe Lourdes e tia Nelsa sentadas (in memoriam). Foto: Karen Ferreira.
Com o reconhecimento do IPHAN, de certa maneira, a mestra Diva passa a ser reconhecida como uma mestra da cultura brasileira e não apenas mato-grossense. Para a coordenadora geral do projeto e presidente da AEEC-MT, Fernanda Alves Caiado, esta é uma vitória que valoriza não apenas o saber da mestra Diva, como os saberes de todas as mulheres ciganas mato-grossenses e brasileiras.
O projeto
Executado entre 2021 e 2022, o projeto se desdobrou em três produtos transmidiáticos, que giraram em torno dos saberes da mestra da medicina tradicional e das mulheres que pertencem ao tronco étnico Calon, autodenominado “Calins” - “I Encontro de Mulheres Ciganas de Mato Grosso”, “Exposição Multimídia Calin” e minissérie “Diva e as Calins de Mato Grosso”.
Exposição Multimidia Calin pode ser acessada no link: www.galeriacalin.com. O trabalho visa mostrar a diversidade das mulheres ciganas, que vivem nas cidades de Rondonópolis, Tangará da Serra e Cuiabá, enriquecendo também a diversidade cultural mato-grossense.
O I Encontro de Mulheres Ciganas de Mato Grosso ocorreu entre os dias 22, 23 e 24 de abril de 2021, em Rondonópolis (220 km de Cuiabá), cidade que reúne a maior comunidade cigana de MT - em torno de 150 pessoas. O encontro reuniu outras 15 mulheres ciganas e contou com duas programações.
Já a minissérie Diva e as Calins de Mato Grosso é um trabalho etnodocumental, composto por cinco episódios de aproximadamente cinco minutos cada, que retrata os saberes e as tradições das mulheres ciganas mato-grossenses.


IPHAN - As ações vencedoras do Prêmio Rodrigo Mello Franco são voltadas para o fomento, preservação e salvaguarda do Patrimônio Cultural do Brasil e envolvem temas relacionados à memória, gestão do patrimônio, difusão e valorização do saber popular.
Nesta edição, o Prêmio Rodrigo recebeu um total de 268 inscrições e, como forma de reconhecimento e estímulo ao trabalho desempenhado pelos proponentes, a 35ª edição atribuiu um total de dez prêmios, divididos em duas categorias, pessoa física e pessoa jurídica. As cinco ações que foram mais bem votadas foram as premiadas da categoria.
As candidaturas foram analisadas em duas etapas. Primeiro, passaram pelas Comissões Regionais e, depois, pela Comissão Nacional de Avaliação, composta por representantes do Iphan e especialistas convidados.
“O Prêmio Rodrigo prestigia, em caráter nacional, as ações de preservação do Patrimônio Cultural brasileiro que, em razão da originalidade, vulto ou caráter exemplar, mereçam registro, divulgação e reconhecimento público”, declarou a presidente do Iphan, Larissa Peixoto. “A premiação tem destacado, ao longo dos anos, a diversidade e a riqueza do nosso patrimônio em suas manifestações culturais, antigas e modernas curvas da arquitetura nacional ou em grandiosas paisagens arqueológicas e naturais”, completou.

