Comunidade Calon do município de Tangará da Serra – Mato Grosso. Ano: 2012. Fonte: Arquivo AEEC-MT.
Os primeiros antepassados da comunidade cigana mato-grossense chegaram ao Brasil há cerca de 300 anos, parte degredada de Portugal e outra de Espanha. Historicamente os grupos ciganos sempre circularam por MT, mas somente entre as décadas de 40 e 50 do século passado fixaram residência. E antes de adentrar ao Estado, passaram pela Bahia, Minas Gerais e Goiás, estados, aliás, onde mantém laços de parentesco com outras comunidades.
Mais recentemente, a partir da década de 90, também expandiram fronteiras chegando aos Estados do Pará e Mato Grosso do Sul, o que torna a comunidade aparentada a cinco Estados brasileiros, que juntas somam aproximadamente 800 pessoas, pertencentes ao tronco étnico kalon. Em MT, a comunidade atualmente soma em torno de 100 famílias (300 pessoas), espalhadas por 11 municípios, mais concentradas em Tangará da Serra (80 pessoas), Cuiabá/Várzea Grande (90 pessoas), Rondonópolis (130 pessoas), Sinop (30 pessoas) e Alto Garças (20 pessoas).
Levantamento da AEEC-MT indica que somando os 15 acampamentos e as 100 famílias que moram de forma fixa, o número aproximado da população romani no Estado fica entre 500 e 600 pessoas, sendo que mais da metade vive em bairros periféricos. Apesar de também sofrerem perseguições, mais intensas no passado, exclusão social e racismo; a comunidade resistiu à assimilação e mantém tradições, costumes, valores, saberes e narrativas, como a língua romanon, os rituais tradicionais de casamento, morte e nascimento ou a medicina tradicional, que é baseada na cura pelas ervas e plantas.
Foi para representá-las junto aos órgãos públicos, privados, no fomento à criação de políticas públicas afirmativas de reparação histórica, inclusão social e combate aos preconceitos, estereótipos e racismo contra os grupos ciganos, que a comunidade, fundou, em 2017, a Associação Estadual das Etnias Ciganas de Mato Grosso.
A associação vem realizando ações em prol das etnias ciganas, tendo três focos principais: o diálogo e a produção científica acerca das comunidades ciganas; a realização de projetos e atividades culturais e comunicacionais que valorizem os saberes, os valores, os costumes, tradições, narrativas, cosmologias e identidades das culturas romani; e a militância política em favor de políticas de inclusão social e garantia de direitos humanos.

